A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, de forma
pioneira, lançou em audiência pública nesta quarta-feira (12) a campanha contra
o capacitismo. A Casa é a primeira do País a tratar do assunto e a levantar o
tema com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a importância de
respeitar as pessoas com deficiência. O evento foi realizado no auditório
Cortez Pereira, na sede do Legislativo, e foi bastante concorrido.
"Todo preconceito, discriminação com as pessoas com
deficiência é capacitismo. Há meses estamos aqui na Assembleia Legislativa
imersos no tema capacitismo e na luta anticapacitista. E estamos aqui.
Construímos essa campanha para lançar luz ao tema, para mergulharmos juntos na
temática e sairmos daqui pessoas melhores", disse o deputado estadual
Ezequiel Ferreira (PSDB), presidente da Assembleia. O parlamentar também
destacou o fato da ALRN ser a primeira instituição do país a focar no tema.
Ainda de acordo com Ezequiel, "a exclusão social e a
falta de acessibilidade também são pontos chaves na nossa campanha. Precisamos
melhorar, avançar nesses itens que ainda estão em desenvolvimento na nossa
sociedade". Para o deputado, "precisamos de políticas públicas para pessoas
com deficiência; cotas nas universidades; espaços no mercado de trabalho. São
demandas urgentes que precisam ser pensadas e planejadas".
Segundo o presidente da Assembleia, todos os deputados têm
buscado fazer a sua parte em relação a pauta. Mas, "sabemos que ainda é
insuficiente, que precisamos avançar, mas temos trabalhado incansavelmente na
construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Todos os dias",
completou. "Essa campanha será um marco na vida de muitos",
finalizou.
Presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos das
Pessoas com Deficiência, o deputado estadual Kleber Rodrigues (PSDB) celebrou a
iniciativa da ALRN. "Estamos atuando há praticamente cinco anos por meio
do nosso mandato em torno do tema e hoje vemos praticamente todos os 24
deputados trabalhando no assunto. É um momento para interagir, dar
visibilidade, e a Assembleia tem um importante papel. Parabenizo a todos que se
dedicaram a campanha, em especial ao presidente Ezequiel Ferreira por nos dar a
oportunidade de debater o assunto", disse.
Um dos protagonistas da campanha pioneira da ALRN, o
influenciador Ivan Baron também ressaltou o fato do Legislativo potiguar ser o
primeiro do País a chamar a atenção para o capacitismo. "A deficiência
deve ser apenas mais uma característica, termos como deficiente, portadores de
deficiência, devem ser evitados, o correto é pessoa com deficiência. O Ivan vem
antes da paralisia cerebral", disse em seu discurso.
Ivan Baron espera que a campanha da ALRN conquiste
repercussão nacional. "Vamos levar conhecimento para mais pessoas que não
têm acesso à informação, essa campanha tem viés didático, democrático, em
mostrar que culturas enraizadas no nosso consciente estão erradas. Esse é um
pedido de respeito, o básico, de se colocar um pouco no lugar da pessoa com
deficiência", alertou.
A pedagoga Maria Luci Gomes Maia, mãe dos outros dois
protagonistas da campanha - os gêmeos autistas Ângelo e Augusto -, relembrou os
preconceitos e a discriminação que sofreu durante anos quando os filhos ainda
eram crianças. "Até poucos anos atrás, nada se fazia para combater ações
contra as pessoas com deficiência. Com meus filhos eu achava que eles
precisavam participar da sociedade, e na época eu os impus a essa sociedade,
mesmo sofrendo preconceito e discriminação, isso não nos abalava", citou.
Agora, segundo ela, a campanha da ALRN deve abrir portas. "Tenho certeza
de que a partir de agora nós vamos ter mais espaços na sociedade, quero
agradecer, parabenizar a instituição e dizer que muito me conforta essa
iniciativa", completou.
Os gêmeos também discursaram e agradeceram a Assembleia
pela iniciativa. Para Ângelo, "o capacitismo é um misto de lutas e
vitórias que eu e meu irmão superamos. E vamos lutar para vencer essa causa,
com responsabilidade para combatermos toda a discriminação e a opressão que
existe". Já Augusto cobrou respeito da sociedade.
Representando a Câmara Municipal de Natal, Tércio Tinôco
(União) - primeiro vereador cadeirante eleito na capital do Estado - disse que
a ALRN "dá um exemplo ao país ao mostrar que pessoas com deficiência devem
estar onde quiserem, na educação, no esporte, no mercado de trabalho".
"Que cada um de vocês a partir de hoje, olhem para as pessoas com
deficiência não como coitadinhos, mas como uma pessoa como todas as
outras".
A promotora Rebecca Monte, representando o Ministério
Público Estadual, solicitou ao presidente da Assembleia que busque expandir a
campanha contra o capacitismo para as escolas públicas e particulares do
Estado. "Só educando nossas crianças vamos ficar livres desse
preconceito", alertou. Para a promotora, também é importante dar igualdade
de oportunidades para a pessoas com deficiência, pois quanto mais cedo isso
ocorrer, "maior e mais rápido será o desenvolvimento dessa pessoa".
Mãe de filhos com deficiência, a deputada estadual
Divaneide Basílio (PT) admitiu que estava emocionada. "É uma campanha para
nossas vidas, diz respeito ao nosso cotidiano", disse a parlamentar, que é
autora de vários projetos voltados para a temática. Também estiveram presentes
os deputados estaduais Ubaldo Fernandes (PSDB), Terezinha Maia (PL), Neilton
Diógenes (PP), Luiz Eduardo (SDD), Taveira Júnior (União), George Soares (PV),
Cristiane Dantas (SDD), Isolda Dantas (PT), Eudiane Macedo (PV), Hermano Moraes
(PV), Nelter Queiroz (PSDB) e Gustavo Carvalho (PSDB).
Além dos já citados, a audiência pública ainda contou com
as participações da secretária estadual do Trabalho, Habitação e Assistência
Social, Íris Maria de Oliveira; a secretária municipal do Trabalho e Assistência
Social, Andréa Cristina Dias; a defensora pública Fabrícia Galdêncio; o
presidente da Organização Nacional de Entidades de Pessoas com Deficiência
Física, Décio Santiago; e o presidente do Conselho Municipal dos Direitos das
Pessoas com Deficiência, Ronaldo Tavares.
Da Assembleia Legislativa estiveram presentes a
diretora-geral da Presidência, Dulcinéa Brandão; o diretor administrativo e
financeiro, Pedro Cascudo; a diretora de comunicação, Marília Rocha; o
procurador-geral Renato Guerra e o diretor da Escola da Assembleia, José
Bezerra Marinho.