Investigação conduzida pela Polícia Federal em conjunto com
o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) revelou que integrantes
do Primeiro Comando da Capital (PCC), elaboraram ao menos três planos
para resgatar líderes do facção presos nas penitenciárias federais de Brasília
e Porto Velho (RO). Entre eles, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, que
foi transferido de Brasília para a capital de Rondônia em março deste
ano. Uma das estratégias da organização era considerada como “missão suicida”.
Conforme levantamento de inteligência, o primeiro plano,
batizado de STF, consistia na invasão da penitenciária federal de Porto Velho.
A facção já teria montado um arsenal milionário com armamento pesado para
destruir os muros do complexo. O segundo, chamado de STJ, incluía o sequestro
de autoridades e familiares do Depen para, em troca, exigir a libertação dos
líderes.
A terceira e última opção seria uma “missão suicida”. A
ideia era que o próprio Marcola desse início a uma rebelião dentro do presídio
federal e usasse um policial penal como refém. Os planos seriam colocados em
prática ainda neste ano.
Anjos da Guarda
A PF deflagrou na última quarta-feira (10/8)
a Operação Anjos da Guarda, que tem o PCC como alvo. Cerca de 80 policiais
federais cumpriram 11 mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão
em três unidades da Federação: Distrito Federal (Brasília); Mato Grosso do Sul
(Campo Grande e Três Lagoas) e São Paulo (capital, Santos e Presidente
Prudente).
Segundo as investigações, para viabilizar o plano, as
lideranças criminosas fizeram uso de uma rede ilegal de comunicação por meio de
advogados, que transmitiam e entregavam mensagens dos presos para criminosos
fora da prisão envolvidos na tentativa de resgate e fuga. Pelo menos quatro
defensores foram detidos.
Para tanto, os investigados valiam-se dos atendimentos e
das visitas em parlatório, usando códigos que remetiam a situações jurídicas
que não existiam. Cerca de quatro defensores do comando foram presos nesta
quarta.
Transferência
As lideranças envolvidas ingressaram no Sistema
Penitenciário Federal em fevereiro de 2019, justamente em decorrência da descoberta,
pelas autoridades do estado de São Paulo, de plano de fuga que, à época, já
estava em articulação por tais líderes, então custodiados na Penitenciária
Estadual de Presidente Venceslau II.
Ações de inteligência do Departamento Penitenciário
Nacional detectaram que as tratativas persistiram mesmo após o ingresso no
sistema. O Depen passou a compartilhar informações com a Polícia Federal.
Por meio de uma atuação coordenada e especializada dos dois
órgãos foi possível a compilação de elementos de prova suficientes para a
identificação e agora a interrupção das ações criminosas.
“Esta ação demonstra a capacidade do Sistema Penitenciário
Federal de isolar lideranças criminosas, identificar possíveis ameaças e de
neutralizá-las, em atuação integrada com as demais forças de segurança pública
da União”, informou o Depen, por meio de nota.
A operação foi batizada de Anjos da Guarda em referência
aos servidores da Segurança Pública que se esforçam e se arriscam para proteger
a sociedade de todo o tipo de ação criminosa.