Diante de tanta repercussão, o auto do vídeo que supostamente
ameaça o prefeito do Assu, Dr Gustavo Montenegro Soares, José
Elias, emite uma nota de esclarecimento a população do Assu.
LEIA A NOTA
É preciso sugar da arte um novo tipo de artista: o
artista-cidadão. Aquele que na sua arte não revoluciona o mundo, mas também não
compactua com a mediocridade que imbeciliza um povo desprovido de oportunidades.
Um artista a serviço da comunidade, do país.
(Sérgio Vaz, poeta periférico).
Eu José Elias Avelino, artista dessa cidade há 20 anos,
tendo inclusive trabalhado por 07 anos como professor de teatro da prefeitura e
em grupos de teatro diversos, militante cultural e cidadão de Assú, venho por
meio desta nota, afirmar que o Manifesto Artístico produzido e realizado por
mim não é uma ameaça ao prefeito de Assú ou seus familiares, é tão somente, um
manifesto artístico que representa a indignação da população da cidade sobre o
aumento de salário de prefeito, vereadores e secretários.
O referido manifesto recorre às simbologias
que só a arte pode ser capaz de produzir. A faca é antes de tudo uma
ferramenta, assim como pode ser vista e lida como uma arma. A leitura da
família Soares é de que se trata de uma arma, ameaçadora.
Eu a utilizo como uma
ferramenta artística, assim como meu figurino, meu nariz de palhaço, ou seja,
mais um dos adereços que uso e não como arma. A faca, entendida como mais um
dos adereços que utilizo, trata-se de uma clara analogia com a prefeitura que
representa o Estado.
A prefeitura pode
ser utilizada pelos gestores, tanto como uma ferramenta capaz de produzir
políticas públicas que salva vidas. Quanto como uma arma, que nas mãos de maus
gestores, leva a morte de pessoas, leva a falta de acesso à educação de
qualidade, leva ao descaso com a cultura e entre outros males que uma boa
política, uma boa gestão dos recursos públicos poderiam evitar.
E infelizmente,
ao não ouvir os anseios do povo contra o aumento do salário de vereadores e de
seu próprio salário, o prefeito se alinha a uma política nefasta que prioriza
seus anseios em benefício próprio e da classe política em detrimento do bem
estar do povo de Assú.
O manifesto é
violento e, talvez, pelo descaso que temos historicamente com a cultura, seja
aos olhos de alguns uma banalização da violência e não entendido como um objeto
artístico.
E como artista, reafirmo sua intencionalidade, intencionalidade que
sempre esteve presente em minha arte: faço uma arte de protesto, de contestação
e visualizo na arte meu papel político. Sou um artista-cidadão! Que a arte
também, nos aponte saídas!