"Além do Imaginário: a Arte Popular antes e depois de
Xico Santeiro". Esse é o tema da Mostra de Arte Popular lançada na tarde
desta segunda-feira (10), na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. A
exposição tem 82 obras em madeira de do próprio Xico Santeiro e artistas que
vieram antes e depois do principal homenageado da mostra.
Fazendo parte do calendário cultural da Assembleia, a
Mostra de Arte Popular é o segundo evento do ano nesse gênero, promovido pelo
Núcleo Historiográfico da Cultura Potiguar Presidente Café Filho, ligado ao
Memorial do Legislativo Potiguar. Anteriormente, a exposição trouxe ao público
a obra de Auta de Souza. Agora, o foco é a versatilidade e a revolução cultural
a partir de Xico Santeiro.
Xico Santeiro foi o pseudônimo dado a Joaquim Manoel de
Oliveira, nascido em 1898 e que produzia suas artes sacras, nos anos 40, sem
uma assinatura. Era um artista "imaginário", como se chamavam
escultores que não assinavam suas obras. A situação mudou somente após a
chegada de Joaquim Manoel a Natal, quando conheceu grupos de intelectuais,
tornou-se um artista mais reconhecido e acatou um conselho de um admirador de
seu trabalho.
"Foi o pai do diretor Augusto Viveiros, Paulo
Viveiros, que sugeriu que o artista assinasse suas obras como Chico. A escrita
errada, com X, deixou o nome ainda mais marcante e fez com que seu trabalho
ficasse conhecido por todos", explicou o curador da mostra e responsável
pelo Núcleo Cultural Presidente Café Filho, Alexandre Gurgel.
Durante a Mesa Redonda realizada no lançamento da Mostra de
Arte, Alexandre Gurgel discutiu com os professores e pesquisadores Antônio
Marques e Everardo Ramos sobre a história do artista. O debate, que contou com
a participação de todos os filhos do artista, enalteceu a trajetória de Xico
Santeiro e a forma com que ele influenciou os artistas que vieram
posteriormente. Além da arte Sacra, Xico Santeiro também produziu outras peças
devido a pedidos de amigos que apreciavam sua obra.
"Quando ele chega a Natal, na segunda metade da década
de 40, conheceu intelectuais e outras pessoas que o instigaram a produzir o que
é nosso: retirantes, carros de boi, sanfoneiros, pescadores... E isso está
exposto aqui, nessas 22 obras do próprio Xico", explicou Alexandre Gurgel,
ressaltando ainda que, ao todo, a mostra reúne obras de 31 artistas.
A mostra continuará até o dia 21 de junho, no Salão Nobre
da Assembleia, das 8h às 14h, aberta ao público e também disponível para
excursões de escolas do Rio Grande do Norte. "o grande objetivo desse
calendário e a grande ideia é levar todo esse legado para os estudantes e as
novas gerações. Todas as mostras têm visitações e convidamos as escolas que
quiserem levar seus alunos para conhecerem as obras, que retratam a história do
estado", explicou Alexandre Gurgel, relembrando ainda que mais de 300 estudantes
prestigiaram a exposição com a obra de Auta de Souza.