A Polícia Civil do RJ prendeu um
homem e uma mulher apontados como operadores das maiores facções criminosas do
país. Eles eram alvos da Operação Bella Ciao, da Delegacia de Combate a
Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD), contra o abastecimento
de armas e drogas para traficantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do
Comando Vermelho (CV).
Para os investigadores, trata-se
de um “consórcio” de organizações criminosas voltado para municiar o Complexo
do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Presos:
Ana Lúcia Ferreira: ex-mulher
de Elton Leonel da Silva, o Galã, um dos chefes do PCC e por
anos o principal fornecedor de drogas e armas na América Latina. Ana ainda
teve um filho com outro integrante da facção. Ela foi presa nesta quarta-feira
(2) em Taubaté (SP);
Gustavo Miranda de Jesus: braço
direito e operador financeiro de Fhillip da Silva Gregório, o Professor,
morto com um tiro na cabeça há 1 mês e até então o maior
fornecedor do CV. Gustavo foi preso nesta quinta (3) na Pavuna, na Zona Norte
do Rio de Janeiro.
Um terceiro suspeito, Luiz
Eduardo Grego, o “Cocão”, está foragido. Ele é apontado como operador logístico
do grupo. Segundo a Polícia Civil, ele estaria sendo treinado por Lúcia para
substituí-la na negociação com fornecedores.
Conexões
O delegado Vinícius Miranda,
titular da Delegacia de Combate ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro,
explicou que a investigação começou há mais de um ano, com foco inicial em
Professor.
A partir da análise financeira e
patrimonial, os agentes chegaram a Gustavo, que movimentou mais de R$ 250
milhões em nome da facção. Ele era responsável por lavar dinheiro da
facção com empresas de fachada e eventos como bailes funk. Um dos
estabelecimentos seria um mercadinho que, segundo a polícia, praticamente não
tinha atividade comercial.
“Gustavo usava a própria família
para movimentar os valores. Numa operação anterior, os pais e a irmã dele
já tinham sido presos por emprestar contas bancárias para essas transações”,
afirmou Miranda.
Já Ana Lúcia é apontada
como peça-chave na articulação entre o Comando Vermelho e o Primeiro
Comando da Capital. Ana tem histórico de envolvimento com líderes do PCC e
usava seus contatos na fronteira com o Paraguai, em Ponta Porã (MS), para
intermediar o tráfico de armas e drogas para as organizações.
“A Ana tem uma ligação direta
com o ‘Professor’. Ela traz para o Rio o conhecimento que já tinha da região de
fronteira. É uma articuladora que atua tanto para o Comando Vermelho quanto
para o PCC”, afirmou o delegado.
“A diretriz foi para observar a
situação macro do crime organizado com relação ao seu abastecimento. Detínhamos
o conhecimento de que o matuto [fornecedor] de maior expoente no RJ era Fhillip
da Silva Gregório, o Professor”, explicou o delegado assistente Pedro Cassundé.
“A investigação buscou estancar
o fluxo de fora para dentro do estado por meio da identificação e captura da
interface entre fornecedores e o Fhillip, a matuta Ana Lúcia Ferreira, a Ana
Paraguaya”, emendou Cassundé.
g1