Um motorista de aplicativo de Natal teve a prisão decretada
após ser confundido com um bandido na última segunda-feira (19). Além de ter
sido detido, o homem foi baleado no tórax durante um confronto com a polícia e
está internado no Hospital Walfredo Gurgel, algemado na ala dos presos.
O
profissional foi identificado como José Heliton, de 29 anos. Ele estava
trabalhando em seu veículo na última segunda (19) quando recebeu um chamado
pelo aplicativo InDriver para uma corrida no bairro Petrópolis, em Natal.
Durante a corrida, mais dois bandidos embarcaram no veículo no bairro Mãe Luíza
e anunciaram o assalto.
José Heliton foi colocado no banco de trás do seu
próprio carro e os criminosos saíram pela cidade procurando vítimas para
assaltarem. Ao chegarem em uma praça no bairro Candelária, por trás do Natal
Shopping, os meliantes assaltaram duas mulheres. Nessa hora Heliton tentou
fugir, mas foi recapturado por um dos bandidos, que ainda o ameaçou de morte.
Eles seguiram a fuga, mas foram interceptados pela polícia, que já havia sido
avisada do assalto, mas não sabia que entre os criminosos havia também uma
vítima. Durante a abordagem, deu-se início a uma troca de tiros e Heliton foi
atingido no tórax. Dois criminosos também foram baleados.
De acordo com Vitória
Carlos, tia de Heliton, os próprios PMs socorreram o motorista para o hospital.
Os assaltantes, ainda segundo ela, também confirmaram a inocência dele, que
mesmo assim teve a prisão preventiva decretada no início da noite desta
quinta-feira (21).
Para o advogado de defesa de Heliton, Roberto Ângelo, a
prisão é ilegal. “Devido à ausência do contraditório e da ampla defesa,
entende-se que a prisão foi ilegal, restando buscar a ordem através de remédio
constitucional do habeas corpus”, disse o advogado em contato com o portal
GRANDE PONTO.
Roberto disse ainda que o estado de saúde do motorista é estável,
mas que emocionalmente ele está bastante abalado e ainda sem entender por que
está preso.
Desde o ocorrido, Heliton não tem contato com a família, que sequer
teve acesso ao celular dele, para tentar provar, de alguma forma, sua
inocência. “Ele está lá [no hospital] privado na ala dos presos, algemado como
preso. É uma coisa surreal. Nós não temos nem acesso ao celular dele. Ele não é
culpado e está sendo dito que ele é bandido como os outros.
Ele estava
trabalhando”, lamenta Vitória. Ainda segundo a tia da vítima, Heliton não tem
antecedentes criminais e “nunca fez mal a uma formiga”. Essa foi a segunda vez
que ele teve o carro usado por bandidos. Em outra ocasião ele foi deixado na
mala do próprio carro em um matagal e só foi achado no outro dia.
“Está todo
mundo no chão, correndo atrás de uma saída, que Deus nos mostre um caminho pra
a gente sair dessa situação. Quando a pessoa é um bandido tem que pagar pelo
que fez, mas a gente conhece a índole dele, é uma pessoa que não tem maldade,
não bebe, não fuma”, completa Vitória.