A falsa médica Mirian Estefani Santana Sipriano, de 27
anos, presa após usar o registro de outro profissional e atender mais de 30
pessoas em uma Unidade Básica de Saúde de Coroados (SP), nesta segunda-feira,
disse à polícia que conseguiu o CRM pelo “valor simbólico de R$ 40”, na
internet.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo
(SSP), a mulher foi presa na última terça-feira, dia seguinte aos atendimentos
na unidade de saúde, localizada na Rua Carlos Campos. Policiais foram acionados
pela Secretaria de Saúde do município após enfermeiros notarem comportamentos
estranhos na profissional, que estava em seu primeiro dia de trabalho.
Ao GLOBO, o delegado Nilton Marinho, responsável pelas
investigações e titular da Delegacia de Coroados, afirmou que Mirian foi
contratada por uma empresa terceirizada em Piracicaba, que atua na cidade de
Coroados por meio de licitação, e foi escalada para atuar na UBS após uma
solicitação da Secretaria de Saúde.
No entanto, já em seu primeiro dia de trabalho, a mulher
teria demonstrado falta de conhecimento básico sobre a profissão, além de usar
termos incoerentes e não carimbar as fichas de atendimento. Profissionais de
enfermagem mais experientes começaram a perceber anormalidades na atuação de
Mirian, e decidiram realizar uma busca pela numeração do CRM usado por ela.
— Um funcionário da unidade resolveu pesquisar o CRM que
ela estava utilizando no carimbo e deu o nome de um médico homem, um
urologista. O fato foi comunicado a nós na delegacia e eu pedi que a prefeitura
solicitasse à empresa de Piracicaba que mandasse a cópia dos documentos que ela
utilizou para ser contratada — explica Marinho.
A empresa afirmou, então, que havia um diploma entre os
documentos apresentados pela mulher no momento da contratação. O certificado se
referia ao curso de medicina em uma universidade do interior. Os agentes
entraram em contato com a instituição de ensino, e constataram que Mirian
jamais havia sido estudante de medicina naquela unidade.
— Somados os fatores, a equipe policial foi até a UBS,
chamamos ela e a entrevistamos. Diante dessas divergências todas, ela confessou
que o CRM não é dela, e que não é formada em medicina — diz o delegado.
Ao ser questionada, Mirian chegou a dizer que é formada em
fonoaudiologia, mas, segundo Marinho, não apresentou nenhum documento
comprobatório da graduação. Ela alegou, ainda, que teria conseguido o registro
falso com um desconhecido, na internet, para o qual teria pago os R$ 40.
No decorrer do dia em que atuou ilegalmente como médica na
Unidade Básica de Saúde, Mirian chegou a atender 30 pessoas, entre elas
crianças e idosos. Ela foi autuada em flagrante por exercício ilegal da
medicina, uso de documento falso e falsidade ideológica.