terça-feira, 23 de junho de 2020

Alta no preço dos veículos reflete na grande procura por motos no Brasil

O dólar alto tem feito o preço dos carros aumentar mesmo com baixa nas vendas. Motos têm sido a opção dos consumidores.
Foto/Fenabrave
Um dos resultados mais relevantes da alta do dólar no Brasil é a influência direta no valor dos carros zero-quilômetro que estão à venda no país. O aumento desenfreado do valor moeda tem feito com que o preço de grande parte desses automóveis suba e, assim, a procura por motos tem aumentado consideravelmente. 
O veículo é uma boa alternativa para se locomover rapidamente pela cidade, além de poder ser utilizado para entregas de pequenas encomendas e até de alimentos.
Fabricantes como FCA, GM, Volkswagen e Toyota já reajustaram seus valores e, de maneira surpreendente, alguns desses reajustes ultrapassaram os 10% — sobretudo os modelos importados, como nos casos da picape Ram 2500 e do SUV Toyota RAV4.
Mas há uma explicação plausível que traz uma justificativa para esse fato: boa parte das peças usadas na fabricação dos veículos — mesmo os automóveis nacionais — vêm de fora do Brasil. Por exemplo, um carro de entrada pode ter em torno de 40% de seus componentes importados. 
De acordo com dados disponibilizados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), no ano passado (2019) a quantidade importada pela indústria automotiva do Brasil correspondeu a US$ 13,2 bilhões.
Para exemplificar o impacto implicado pela variação cambial, podemos fazer a conversão desse valor. Em maio de 2019 — quando o dólar custava cerca de R$ 3,97 — ele equivalia a em torno de R$ 52,4 bilhões. Atualmente, com o dólar girando hoje em torno de R$ 5,31, a mesma importância equivale a cerca de R$ 70 bilhões. Uma diferença gritante de quase R$ 20 bilhões.
Reajustes
Como foi dito acima, já é possível observar os aumentos nos valores dos automóveis em suas etiquetas. 
A GM reajustou em 4% toda a sua linha Chevrolet e o Onix — modelo mais vendido do país — que antes custava R$ 53.650 agora custa R$ 56.890 em versão mais básica, com câmbio manual e motor 1.0 aspirado. 
O Tracker, SUV recém lançado mais vendido em abril, passou de R$ 82 mil para R$ 85.290, um aumento de R$ 3.290 em relação ao valor anterior. O preço atual também corresponde à versão de entrada TL, com motor 1.0 turbo.
A marca alemã Volkswagen reajustou basicamente sua linha inteira duas vezes, em sequência. O maior reajuste registrado foi o da picape Amarok SE, que custava R$ 158.580 e teve um acréscimo de R$ 16.130 em seu preço, passando a custar R$ 174.710. 
Além disso, a família inteira do sedã Virtus e do hatch Polo foram reajustadas em até R$ 3.030.
Outro modelo que teve um reajuste alto e agora, pela primeira vez em sua história, custa mais de R$ 200 mil em sua versão R-Line (topo de linha) é o SUV Tiguan. O atual preço do veículo é de R$ 203.490.
A Toyota não ficou para trás. A marca japonesa também repassou a alta do dólar aos seus consumidores. Um dos aumentos mais expressivos foi o do sedã Camry, que agora custa R$ 276.990 e antes custava R$ 241.990 — um reajuste de R$ 31 mil.
Já a linha Corolla, apesar de também ter tido um acréscimo em seus valores, teve reajustes menores. Por exemplo, a versão com motorização híbrida (topo de linha) teve um aumento de R$ 5.100. Antes custava R$ 137.390 e agora custa R$ 142.490.
Outros aumentos que também têm chamado a atenção são os reajustes do SUV RAV4 e da picape RAM 2500. A versão S do RAV4 teve um aumento de R$ 52 mil, enquanto a versão SX teve um acréscimo de R$ 70 mil. Já a RAM 2500 está R$ 32 mil mais cara.
Procura por motos
Todos esses reajustes estão fazendo com que a procura por motos — sobretudo as de baixa cilindrada — cresça nesse período de alta do dólar. Além disso, pode-se dizer que o aumento do volume das entregas via delivery também tem impedido a queda brusca nas vendas do segmento de motocicletas. 
Então, quem planejava comprar um carro para trabalhar ou facilitar a locomoção pela cidade acabou vendo nas motos uma boa alternativa para resolver seu problema.
Ainda, em maio de 2020, a venda de motos no Brasil foi fechada com uma alta de 3,42% — segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) — em relação a abril do mesmo ano.
Em abril foram emplacadas 28.255 ciclomotores, motocicletas e scooters, enquanto em maio esse número subiu para 29.220.
Motos mais vendidas em maio de 2020
Ainda de acordo com dados da Fenavrave, na lista das 10 motos mais vendidas em maio — em relação à unidades — estão os seguintes modelos:

1. Honda CG 160 — 7.449 unidades;
2. Honda Biz — 5.276 unidades;
3. Honda NXR 160 Bros — 2.881 unidades;
4. Honda Pop 110i — 2.380 unidades;
5. Honda XRE 300 — 963 unidades;
6. Honda CB Twister — 952 unidades;
7. Yamaha  YBR 150 Factor — 820 unidades;
8. Yamaha XTZ 150 Crosser — 757 unidades;
9. Honda PCX 150 — 717 unidades;
10. Yamaha Fazer 250 — 707 unidades.

De acordo com a Tabela Fipe de motos (uma das fontes mais confiáveis para verificar o valor médio das motocicletas) de junho de 2020, a versão mais recente da moto mais vendida de maio (Honda CG 160) está custando, em média, R$ 10.110. 
Também segundo a Tabela Fipe, os outros valores médios dos demais modelos — do ano 2020 — listados são, respectivamente:

2. R$ 8.485;
3. R$ 12.272;
4. R$ 6.190;
5. R$ 18.936;
6. R$ 14.572;
7. R$ 9.307;
8. R$ 12.391;
9. R$12.767;
10. R$12.058.
Atualmente, esses valores se adequam melhor ao poder de compra dos consumidores. Então, essa é uma explicação bastante simples de porque houve um aumento na procura pelas motos e redução na busca por carros. O consumidor está buscando se adaptar àquilo que cabe em seu bolso.

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