quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

'Faraó dos Bitcoins' é preso de novo por mandar matar concorrente


A Polícia Civil cumpriu um novo mandado de prisão preventiva na noite desta terça-feira contra Glaidson Acácio dos Santos, o 'Faraó dos Bitcoins', que está preso desde agosto, quando foi capturado no âmbito da Operação Kyptos. O ex-garçom e mais cinco pessoas se tornaram réus por um homicídio e uma tentativa de homicídio na Região dos Lagos. De acordo com denúncia do Ministério Público estadual, Glaidson, que está preso desde agosto, capitaneou uma organização criminosa direcionada à eliminação de seus concorrentes no mercado de investimentos, "em uma atividade típica de grupo de extermínio".

Os outros cinco que foram denunciados são: Thiago de Paula Reis, Rodrigo Silva Moreira, vulgo "Digão", Rafael Marques Gonçalves Gregório, Fabio Natan do Nascimento, vulgo "FB", e Chingler Lopes Lima. Os últimos dois estão presos e Rafael está foragido.

A denúncia do MP aponta Glaidson como o mandante da tentativa de homicídio foi contra Nilson Alves da Silva, o Nilsinho, em 20 de março deste ano, em Cabo Frio. O homem foi baleado dentro de um carro de luxo. Em decorrência dos ferimentos, Nilsinho ficou cego e paraplégico. Segundo a denúncia, "o crime só não se consumou por circunstâncias alheias à vontade dos agentes", já que a arma falhou após o primeiro disparo e a vítima recebeu pronto atendimento médico.

Glaidson teria designado a Thiago a missão de executar o concorrente, mediante promessa de recompensa. Thiago, por sua vez, teria contratado Rodrigo, Fabio Nathan, Chingles e Rafael para cometer o homicídio. Rodrigo teria atuado como intermediário entre Thiago e os demais capangas, negociando valores de recompensa com Thiago e levantando hábitos e rotinas da vítima para a execução do crime.

A motivação do crime

De acordo com a denúncia do MP, uma perícia feita no celular da vítima deu pistas sobre a eventual motivação do crime. A partir de janeiro, três meses antes do crime, Nilsinho passou a encaminhar notícias veiculadas na mídia que apontavam que a CVM suspeitava que a GAS Consultoria Bitcoin (empresa de Glaidson) praticava crimes financeiros e, por isso, havia solicitado ao Ministério Público a investigação da empresa.

Com base nas reportagens, Nilsinho passou orientar os moradores de Cabo Frio a retirar o dinheiro da GAS, afirmando que Glaidson seria preso até o final de 2021, o que levaria ao encerramento das atividades da empresa.

O potencial de Nilsinho para diminuir a quantidade de “clientes” da GAS levaria Glaidson a prejuízos financeiros que poderiam chegar à casa dos milhões de reais, segundo a denúncia.

Al capone dos Bitcoins

A denúncia traz trocas de mensagens entre Glaidson e Thiago que indicam que o atentado contra Nilsinho estava sendo planejado desde fevereiro de 2021. Em uma das mensagens, Glaidson cobra Thiago como se ele tivesse esquecido dele e da "missão". Indagado, Thiago informa que o plano estaria em execução, que daquela semana não passaria, e que tudo estaria sendo feito com a cabeça no lugar para "não dar merda", de forma fria e calculista. Ao final, Glaidson se queixa dizendo que é sempre a mesma promessa.

Na denúncia o conteúdo é classificado como "estarrecedor e esclarecedor", e dia que a organização criminosa capitaneada por Glaidson, "em uma atividade típica de grupo de extermínio que guarda semelhanças com as antigas organizações mafiosas, o que muito bem poderia render a Glaidson não o vulgo de “Faraó dos bitcoins”, mas sim de “Al Capone dos bitcoins”


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