“Eu cheguei e vi o Gabriel chorando na calçada. Ele me disse: ‘Mãe, a casa tá pegando fogo com Kauane e Cassiane' "
"Eu entrei e as vi brincando em meio ao fogo. Tirei Cassiane e voltei para buscar Kauane, mas o fogo estava muito mais alto. Aí apareceu um rapaz, um verdadeiro anjo, e pegou minha filha”, relembra Ana.
Por ter passado mais tempo no fogo, Kauane ficou com as maiores sequelas. Cerca de 90% do corpo dela ficou queimado. A menina só conseguiu andar com os pés firmes no chão depois de passar por cirurgias.
Os antebraços dela ficaram grudados à região do bíceps. Um deles só descolou após procedimento cirúrgico. Ela precisa passar por mais uma intervenção para descolar o outro.
Cassiane e Ana também sofreram queimaduras de terceiro grau. A menina tem as cicatrizes no rosto e a mãe diversas marcas espalhadas pelo corpo, principalmente nos braços.
As irmãs ainda sofrem constantemente com o bullying. Já foram chamadas de “monstros”. Gabriel também carrega traumas psicológicos. Se sente culpado pelo o que aconteceu. O ex-padrasto dele, pai das meninas, chegou a afirmar que não colocaria comida em casa enquanto ele vivesse na residência.
Ana, então, se separou do pai das gêmeas e, desde o começo do ano, paga o aluguel de uma casa no bairro de Felipe Camarão, onde vive com os filhos. A família sobrevive do benefício que Kauane recebe e tem contado com doações.
Um amigo decidiu então lutar pela casa da família. Fausto Calixto, pequeno empresário de 34 anos, conheceu o drama das meninas pouco tempo depois do incêndio e já ajudou mãe e filha de diversas formas. Ele levou a história para um portal dedicado a campanhas de solidariedade, através de vaquinhas virtuais.
“A meta era alcançar R$ 70 mil para comprar a casa. Agora, já está na casa dos R$ 230 mil. Vai dar pra mobiliar a casa toda e criar alguma fonte de renda para Ana”, relata o amigo.
Ana acredita, inclusive, que vai dar pra continuar o tratamento das meninas com as cirurgias ainda necessárias. O atendimento psicológico que Gabriel precisa também virá dessa vaquinha.
Apesar de já ter ultrapassado a meta, a vaquinha ainda segue. Até porque as meninas precisam de pomadas, cremes hidratantes e também de protetor solar. Elas evitam sair de casa, pois a exposição ao sol acaba abrindo feridas na pele delas.
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