terça-feira, 6 de julho de 2021

Reabilitação do movimento


Cinthia Moreno - Fisioterapeuta Casa Durval Paiva - CREFITO 83476-F

O fisioterapeuta tem como objeto de estudo o movimento humano. É ele quem avalia, previne e trata as alterações do movimento humano, sejam decorrentes de alterações de órgãos e sistemas ou com repercussões psíquicas e orgânicas.

Após exame físico e avaliação do paciente, são traçados os objetivos da conduta, que devem estar alinhados com os objetivos do paciente. Por exemplo, se o paciente, após uma cirurgia para tratar tumor ósseo próximo ao joelho, entende a importância e tem desejo de andar de muletas, os exercícios de mobilidade, fortalecimento e toda a conduta devem ser orientados para o objetivo de melhorar o padrão de marcha (caminhada) com muletas. Contudo, se o paciente tem medo, sente-se inseguro e quer se locomover com cadeiras de rodas, a conduta deve ser alterada, mas com a perspectiva de fazer com que ele perceba suas capacidades e, depois, desenvolva a marcha com muletas.

Alguns pacientes percebem uma melhora rápida, ao iniciar a reabilitação, e acreditam que não há mais necessidade de continuar. A partir daí, não comparecem às sessões de tratamento. É muito importante que o paciente seja esclarecido, sobre as etapas de todo o processo e não queira “voar sem recuperar todas as penas”.

Há alguns dias, um paciente foi submetido à amputação no nível da coxa. Assim que começou a andar de muletas sozinho, ele pensou que não precisava mais das sessões de fisioterapia. Mas, ao ser reavaliado, foi percebido que o coto (parte remanescente do membro) estava flácido e com edema (inchaço), além disso, ele ainda sentia o pé, que foi amputado, e ficava cansado, quando andava certa distância. O paciente foi esclarecido sobre os cuidados com o coto, a necessidade de exercícios de fortalecimento e também de resistência, além da dessensibilização do coto, para diminuir a sensação do membro, que não faz mais parte do seu corpo.

Outros pacientes, ao contrário, querem fazer fisioterapia por toda a vida, mesmo alcançando um nível adequado de força muscular, coordenação, equilíbrio e independência funcional. Ou seja, já está reabilitado, mas não aceita o momento da alta, tão esperado em alguns casos. Auxiliar o paciente no reconhecimento de suas capacidades, às vezes, não é tão simples. Entretanto, esse processo deve ser feito junto com a família e com o auxílio de uma equipe multidisciplinar, como a que atende na Casa Durval Paiva.

Todas as estratégias possíveis, devem ser utilizadas para mostrar que esse paciente “recuperou as asas” e que chegou a hora de voar. E quem é fisioterapeuta que sempre ver voos!

Nenhum comentário: