Um aquicultor de 43 anos foi raptado e torturado por engano
na Grande Natal, segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Norte. Ele estava no
Rio Grande do Norte para trabalhar em uma despesca de camarão no município de
Canguaretama e, de acordo com o delegado Cidorgeton Pinheiro, foi confundido
com um integrante de facção criminosa. Amarrado, foi espancado durante toda a
madrugada, ficando em cativeiro em Macaíba, na Grande Natal. Acabou libertado
por volta das 13h desta sexta-feira (31), sendo socorrido na UPA de Macaíba e,
posteriormente, prestando queixa na delegacia da cidade.
Delegado Cidorgeton Pinheiro conta como aquicultor foi confundido
com integrante de facção criminosa — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV
Cabugi
"Ele foi sequestrado ontem (quinta-feira) por
integrantes de uma facção criminosa, confundido com um integrante de uma facção
rival. Foi levado para um cativeiro, torturado durante toda a madrugada, até
que realmente confirmaram que ele não era a pessoa que eles estavam
buscando", resumiu o delegado.
Na quinta-feira (30), após a conclusão do serviço em
Canguaretama, o aquicultor se deslocou até Parnamirim, onde aguardava uma
carona - via plataforma - para retornar a Aracati, no Ceará, sua cidade natal,
quando foi abordado por quatro homens em um carro.
"Estava com fone de ouvido esperando a carona. Só vi
quando um carro voltou de ré, desembarcou uma pessoa com arma em punho, e
dizendo 'é você mesmo que a gente estava procurando'. Me conduziram para dentro
do veículo, colocaram um saco na minha cabeça e começou a sessão de tortura,
eles querendo que eu dissesse que eu era uma pessoa que eu não sou, uma pessoa
envolvida nesse mundo de criminalidade", disse.
A vítima apresentou marcas de lesões na cabeça, na face e
nos braços, mas não sofreu nenhuma fratura, conforme constatou após o
atendimento na UPA. Ele disse que passou a noite e a madrugada sentado em uma
cadeira, com uma corda no pescoço e com as mãos e os pés atados. "Muita
pancada. Eu não via com o que me batiam. Doía muito. Achei que ia morrer".
O aquicultor foi libertado no início da tarde desta
sexta-feira, quando um homem chegou ao cativeiro e disse "não é esse aí,
não. O documento dele é do Ceará. Tira ele daqui". A vítima foi colocada
em um carro e, após cerca de 20 minutos, foi solta em uma estrada na comunidade
Pé do Galo, na zona rural de Macaíba.
A Polícia Civil do Rio Grande do Norte está investigando o
caso. O delegado Cidorgeton Pinheiro ressaltou que o aquicultor não tem nenhum
antecedente criminal. "Vamos investigar este caso como sequestro e
tortura, e possivelmente, tentativa de homicídio também", concluiu.
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